Como se reencontrar depois de ter se perdido em uma relação?
O autoabandono afetivo é uma dinâmica psíquica profunda e muitas vezes silenciosa, quando a gente deixa de ouvir nossas próprias necessidades emocionais para atender às expectativas dos outros.
Você é inteligente, sensível, determinada. Cuida de todo mundo, tem múltiplas habilidades, trabalha, escuta, acolhe. E ainda assim, vive relações em que se apaga.
Essa história — talvez sua, talvez de alguém que você conhece — é mais comum do que parece. E não se trata de fraqueza.
Trata-se de autoabandono afetivo e da força silenciosa dos papéis herdados.
O autoabandono afetivo é uma dinâmica psíquica profunda e muitas vezes silenciosa, quando a gente deixa de ouvir nossas próprias necessidades emocionais para atender às expectativas dos outros, evitar rejeições ou manter vínculos — mesmo que esses vínculos sejam desequilibrados, abusivos ou insatisfatórios.
O autoabandono afetivo costuma ter raízes na infância, quando a criança aprende que só será aceita se se adaptar, agradar ou se “anular” emocionalmente. Com o tempo, essa forma de sobrevivência emocional se cristaliza em comportamentos como:
não estabelecer limites;
aceitar migalhas emocionais;
negligenciar o próprio desejo;
sentir culpa ao dizer “não”;
viver em função do outro, perdendo o contato com sua individualidade.
Na psicologia junguiana, o autoabandono pode ser visto como um desvio do processo de individuação, quando a gente abdica de ser quem é para manter-se ligada a um ideal externo (um parceiro, uma família, um papel social).
Quando uma mulher se molda inteiramente ao desejo do outro, à expectativa familiar, ao papel de “boa esposa” ou “boa filha”, começa a se desconectar de sua essência. Isso pode acontecer de forma sutil: quando a gente deixa de ouvir nossa intuição, de alimentar nossos próprios interesses, de nomear nossos desejos — e passamos a viver em função de um vínculo, tentando manter a aprovação ou evitar o abandono.
Jung falava que a persona, nosso “eu social”, é necessária para viver em sociedade, mas quando a gente se identifica demais com ela e reprimimos o Self (o núcleo mais verdadeiro da psique), a gente perde o contato com aquilo que nos dá sentido. É aí que surge o autoabandono — uma forma de trair a si mesma para permanecer pertencente, mesmo que à custa da própria alma.
Esse desvio é comum em mulheres que foram educadas para agradar, cuidar e silenciar suas vontades em nome da harmonia. Muitas crescem acreditando que devem ser escolhidas, e não que podem escolher. Que devem amar muito, mesmo que o outro as ame pouco. E, nesse movimento, se perdem de si.
Mulheres que vivem essa dinâmica muitas vezes carregam arquétipos distorcidos do feminino — como a cuidadora exaustiva, a mártir ou a “salvadora”.
E o que acontece quando uma mulher se abandona?
Ela se desconecta de sua bússola interna. Passa a viver em função do outro, tentando se ajustar, agradar, salvar ou ser amada a qualquer custo.
E esse custo, muitas vezes, é a própria identidade. A vida perde cor, os sintomas surgem: ansiedade, tristeza crônica, baixa autoestima, sensação de vazio.
Tá Let, mas como se reencontrar depois de ter se perdido pelo caminho?
A terapia é o espaço onde esse resgate começa. Um lugar seguro para escutar sua dor, suas escolhas, seus medos. Um processo que ajuda a separar o que é seu do que foi herdado, o que é desejo verdadeiro do que é condicionamento.
É ali que o leme começa a virar, e ela — a mulher incrível — deixa de viver à deriva no mar dos afetos alheios, para finalmente assumir o comando da própria travessia emocional.
O trabalho terapêutico busca resgatar a autoescuta, a reconexão com o self, o corpo e a verdade interior. É um retorno simbólico à “casa interna”, como nos contos de fadas em que a heroína precisa atravessar florestas, espinhos e provações para reencontrar a si mesma.
Essa imagem do retorno simbólico à casa interna é uma das metáforas mais potentes da psicologia junguiana — e aparece com força nos contos de fadas, nos mitos e nos sonhos.
Na jornada da individuação, a gente é chamada a atravessar o que é desconhecido, sombrio ou esquecido dentro de nós. E isso costuma acontecer em momentos de crise, como o fim de um relacionamento, um vazio existencial, um colapso emocional — experiências que obrigam a gente a sair da superfície da vida e mergulhar nas profundezas da alma.
Na vida real, esse retorno à casa acontece quando a mulher começa a romper os pactos inconscientes que a mantinham em vínculos de dependência emocional, autoabandono ou idealizações. É quando ela para de buscar fora o que só pode ser construído dentro.
A “casa interna” é onde mora a alma. É onde a gente pode descansar da necessidade de agradar, de corresponder, de provar algo. É onde somos o que somos, sem performance.
Reconectar-se consigo mesma não é um rompimento com o amor — é o início de um amor mais verdadeiro, onde o outro é parceiro, e não salvador ou cárcere.
Relações maduras pedem indivíduos inteiros. E só quem se encontra, pode amar sem se perder.
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